A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) assinaram na tarde desta quarta-feira (12), na Green Zone da COP30, um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) que tem por objetivo fortalecer a bioindústria, a inovação e a transição ecológica no país. O documento foi firmado em meio a debates que se estenderam por todo o dia no pavilhão da ABDI, na conferência.

Estiveram presentes à assinatura a diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, a gerente da Unidade de Cooperação e Inteligência Competitiva da Agência, Cynthia Mattos, e a presidenta da ABDE, Maria Fernanda Coelho.

O ACT estabelece diretrizes para a realização de ações conjuntas voltadas à promoção de um modelo produtivo mais sustentável, baseado na inovação, bioeconomia e desenvolvimento regional.

Segundo Perpétua, o acordo marca o início de um novo tempo para a indústria nacional. “Vamos colocar na mão do Estado e do mercado um raio-x da bioindústria amazônica – onde estão, do que precisam e quais gargalos impedem escala – e marcar a entrega oficial ao vice-presidente Geraldo Alckmin, para calibrar políticas e instrumentos.”

Entre as metas do ACT estão o apoio técnico e institucional à execução de projetos e a disponibilização de estudos e diagnósticos, além da proposição de iniciativas que fortaleçam a base produtiva sustentável no Brasil.

A ABDI será responsável por apoiar tecnicamente as ações voltadas à inovação e à bioindústria, propor iniciativas conjuntas com foco em sustentabilidade e contribuir para a disseminação de boas práticas e tecnologias sustentáveis entre empresas e stakeholders.

A parceria reforça o papel das duas instituições na construção de uma economia verde e de baixo carbono, alinhada às metas de desenvolvimento sustentável e à agenda de transformação industrial brasileira.

“Nosso sistema reúne 35 instituições financeiras – bancos públicos e cooperativos e agências estaduais. O objetivo é levar instrumentos inovadores às pontas, ampliar acesso aos recursos disponíveis e capacitar para que o crédito se traduza em negócios viáveis,” disse a Maria Fernanda.

Financiamento para transição sustentável

No início da tarde, foi realizado o painel “Financiamento da Bioindústria: mecanismos inovadores para acelerar a transição sustentável na Amazônia e no Brasil”, no qual o Ministério da Fazenda anunciou um pacote de instrumentos para mobilizar capital privado e fortalecer a bioeconomia.

As medidas incluem a 2ª edição da Taxonomia Sustentável, voltada à bioeconomia, biodiversidade e economia circular; novos leilões para projetos de baixa emissão e bioeconomia na Amazônia; títulos soberanos sustentáveis para reforçar o Fundo Clima; e compras públicas verdes que garantem demanda para bioinsumos e biomateriais.

Também foram destacados no debate os fundos regionais de sustentabilidade previstos na reforma tributária, com critérios ambientais e de conteúdo local.

“A ideia é que o próprio plano de bioeconomia tenha também um plano de financiamento”, disse a coordenadora-geral de Estrutura Produtiva e Sustentabilidade do Ministério da Fazenda, Júlia Mascarello, com referência ao Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia (PNDBio), lançado pelo Governo Federal, na COP30, nessa terça-feira (11). “Então é isso que nós estamos elaborando agora: pensando nos desafios, mas também nas oportunidades.”

O superintendente de área de Inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Newton Hamatsu, anunciou a retomada e expansão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e das linhas Centelha, Tecnova, Inovacred e Finep Amazônia, com editais específicos para a Região Norte e foco em pesquisa, inovação e startups.

O Banco da Amazônia (Basa), por sua vez, reforçou o microcrédito produtivo e o Pronaf, associando crédito, assistência técnica e acompanhamento para ampliar cadeias como a do açaí, segundo informou o diretor de crédito do banco, Roberto Schwartz.

Também integrante do painel, o diretor de Comunicação e Relações Institucionais do Instituto Amazônia+21, Guilherme Gonzales, apresentou a plataforma de investimentos sustentáveis (blended finance) da entidade, voltada a estruturar novas cadeias de valor, como a madeira engenheirada para habitação social, conectando produtores, indústria e mercado.

Tecnologias e bioindústria

Os debates no pavilhão da ABDI na COP30 tiveram sequência com a participação da assessora especial da ABDI Neide Freitas no Painel “Da Amazônia para o Mundo: bioeconomia como caminho da transição ecológica”.

No encontro, do qual também participaram Júlia Mascarello, do Ministério da Fazenda, o diretor-geral do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), Márcio Santos, e a diretora-executiva da Aliança Brasil NBS para o Clima e a Biodiversidade, Julie Messias, a assessora da ABDI falou da importância das novas tecnologias em favor da bioindústria.     

“A bioindustrialização exige pesquisa, capacidade industrial descentralizada e financiamento. Quando esses três elementos chegam à ponta, o valor fica no território – é o que o café do Acre acaba de comprovar”, revelou Neide, com menção aos resultados de cinco projetos prioritários da Agência no Acre – entre eles, o Complexo Industrial do Café do Juruá.

A parceria entre ABDI e ABDE e o diálogo com instituições federais e entidades privadas cria um ecossistema financeiro favorável à bioeconomia, reduzindo custos de capital e ampliando o acesso ao crédito sustentável. As medidas fortalecem cadeias produtivas de base biológica, incentivam inovação industrial verde e impulsionam o desenvolvimento regional com baixo carbono e inclusão socioeconômica.

Foto: Fábio Viana/ABDI